Travassos: testamento da minha bisavó joaquina ribeiro

quarta-feira, dezembro 21, 2005

testamento da minha bisavó joaquina ribeiro


reza assim "testamento publico que faz joaquina ribeiro, viuva, proprietária, moradora no logar de travassos, freguesia do bilhó, desta comarca. no dia 3 de março de 1922, nesta vila e comarca de mondim de basto e no meu escritório, perante mim, bacharel josé alves pacheco, notário desta comarca e as testemunhas todas minhas conhecidas joão antonio parente, proprietário, arnaldo pedro de sousa, oficial de diligencias deste juizo e josé antonio gomes pereira, proprietário, todos casados, cidadãos portugueses, de maioridade, moradores nesta vila de mondim de basto, compareceu joaquina ribeiro, viuva, proprietária, moradora no logar de travasssos, freguesia do bilhó desta comarca. pessoa que eu e as referidas testemunhas conhecemos pela própria e cuja identidade, portanto nós todos certificamos que ela se acha em seu perfeito juizo e livre de toda e qualquer coacção. por ela joaquina ribeiro em presença das testemunhas foi dito: que faz o seu testamento e disposição de sua ultima vontade, pela maneira seguinte: deixa a sua filha ermelinda, casada com francisco fraga a casinha e casa da urdideira das moradas onde vive, metade da chandeira de cima, metade da horta, um quartel no canastro, o pote maior que houver na sua casa, um apeiro e um carro; deixa a seu filho belmiro casado com maria rodrigues, metade da chandeira de cima, metade da horta, um carro e um apeiro, o pote imediatamente inferior em capacidade ao de sua filha ermelinda e um quartel do canastro; deixa a seus filhos luiz e emilia, solteiros a casa pegada à casa da urdideira. deixa ainda em partes iguais a seus filhos ermelinda e belmiro o alpendre, eira e tonel. ficam ainda com o direito de colher os frutos da horta enquanto viverem em comum com seus filhos ermelinda e belmiro, os seus filhos luiz e emilia. deixa finalmente a seus filhos antonio e maria, ambos casados a quantia de cem escudos a cada um e o ultimo quartel do canastro e deixa mais a corte do ribeiro a seu filho belmiro. impõe a seus dois filhos belmiro e ermelinda a obrigação de lhe fazerem o seu enterro seguindo o uso e costume da sua freguesia e de lhe mandarem dizer dez missas por sua alma cada um. que por esta forma torne conhecido o seu testamento com o qual revoga qualquer outro que anteriormente tenha feito. assim o disse do que dou fé. na presença de todas as sobreditas testemunhas lavrei ininterruptamente este testamento que a testadora não vai assinar por declarar que não sabe escrever, que as referidas testemunhas vão assinar comigo notário e que eu li em voz alta ainda na presença das testemunhas e da testadora a qual outrosim declarou não saber ler. dou fé que foram cumpridas e praticadas em acto continuo todas estas formalidades. é devido por este testamento o selo de 3 escudos que abaixo vai pago em estampilha. joão antonio parente, arnaldo pedro de sousa, josé antonio gomes pereira. o notário: josé alves pacheco. logas das seguintes estampilhas: duas de imposto do selo no valor de 3 escudos e 2 centavos e duas de contribuição industrial no valor de um escudo e dois centavos, devidas pelo emolumento, todas coladas e inutilizadas. mondim de basto, 3 de março de 1922"
e foi assim que a joaquina, de quem se dizia ter muito mau feitio, deixou a sua ultima vontade.