Travassos: freguesia do bilhó

quarta-feira, outubro 19, 2005

freguesia do bilhó



Freguesia de Bilhó
Situada nas abas da serra do Marão, entre os rios Cabrão, Cabril e Varga, a freguesia de Bilhó dista 14 quilómetros da sede do concelho. Agrega ainda os seguintes lugares: Anta, Bobal, Cavernelhe, Covelo, Pioledo, Travassos e Vila Chã. O termo de Bilhó, localizado no extremo Este do concelho, confina com os concelhos de Ribeira de Pena e de Vila Real. Bilhó fez parte do concelho de Ermelo, extinto em 31 de Dezembro de 1853, passando então para o de Mondim de Basto. Por decreto de 26 de Setembro de 1895 foi agrupada ao de Celorico de Basto e definitivamente anexada a este em Junho de 1896, quando se deu a supressão do concelho de Mondim de Basto. Voltou a pertencer a este pelo Decreto de 13 de Janeiro de 1898, que o restaurou. No eclesiástico, a antiga freguesia do Divino Salvador de Bilhó era abadia da apresentação do marquês de Marialva. Na sua toponímia é significativo o topónimo Anta, provável reminiscência de algum abrigo ou túmulo megalítico. A presença de construções dolménicas e necrópoles (de muitas já nem vestígios há) nas planuras do Alvão e em algumas chãs do Marão provam- -nos que este maciço montanhoso foi habitado pelo menos desde o segundo milénio antes de Cristo. Os numerosos castros cujas ruínas ainda hoje se nos deparam pelos cimos de muitos cabeços da região testemunham-nos, segundo se crê, a continuidade do povoamento durante o primeiro milénio antes de Cristo. O povoamento inicial das terras de Bilhó, poderá assim ter-se efectuado a partir de uma dessas fortificações castrejas. As ruínas de extenso recinto muralhado englobando os cabeços dos montes Farinha, Palhaços e Palhacinhos, sugerem-nos a hipótese de um centro administrativo e religioso das populações que habitavam o território do actual concelho de Mondim de Basto. Também idênticas ruínas no Alto da Subidade, sobre Ribeira de Pena, nos sugerem a probabilidade de outro idêntico centro político das populações situadas mais ao norte. Com a romanização foram surgindo, nas terras mais baixas, as “villas” rústicas, núcleos iniciais dos nossos modernos povoados, integradas porventura em células sociais continuadoras da organização castreja, e que estariam na base da organização paroquial que se seguiu à reconquista cristã. É o tempo da administração por condados, depois substituídos pelas tenências, e mais tarde pelos julgados. No século XII, assiste-se a um poder discricionário dos representantes régios, contra o qual pouco poderia a antiga tradição municipalista, ainda persistente numa ou outra “beetria” (como a de Ovelha, nas faldas do Marão), e palidamente restaurada por alguns povos, como os de Ermelo e Bilhó, ao arrancarem aos reis a concessão de cartas de foral. Foi neste contexto que D. Sancho I, em Abril de 1196, concedeu carta de foral a Ermelo, extensiva à freguesia de Bilhó. Esta carta foi confirmada aos “povoadores de Ermelo e Oveloo”, em Março de 1218 por D. Afonso II. Nas Inquirições de 1220, mandadas efectuar por este monarca, Bilhó é referenciada em conjunto com Ermelo, e pertencia à “terra” de Celorico. A povoação aparece sob o nome de “S. Salvador de Oveloo”. A 3 de Junho de 1514 D. Manuel I outorga foral novo a Ermelo, integrado no de S. Cristóvão de Mondim, conjuntamente com os de Atei e Cerva. Por este foral, cada morador de Bilhó pagava ao rei, anualmente, 45 soldos, os viúvos metade desse valor, os solteiros 5 soldos, e os órfãos nada pagavam. Pagava ainda a igreja de Bilhó 48 réis e meio de renda, por ano. Todos os tributos eram pagos em Ermelo. Poucos anos depois, em 1527, D. João III manda fazer o “Cadastro da População do Reino”. A “aldea de Vilhoo” registou então 15 fogos, onde habitariam cerca de 60 pessoas. No último Recenseamento Geral da População (1991), esta freguesia de Bilhó registou uma população de 950 habitantes. Sabe-se que o “Censos 91” nem sempre se processou com o maior rigor, tendo havido numerosos casos de freguesias onde os números publicados não correspondiam à sua realidade populacional. Poderá ou não ser o caso da freguesia de Bilhó, pois, daí nos dizem que a sua população deve rondar os 1.300 habitantes. A sua economia está centrada no sector primário, mas todos os sectores se encontram já representados. Deveras louvável é o vigor que o artesanato aqui regista, estimulado pela existência do Centro de Artesanato de Bilhó. Em termos de património edificado há muito para ver. Os templos de culto são imensos, com destaque para a igreja matriz. De merecedora visita são o Vale das Gevancas e a bela ponte romana do Cabril. Um dos grandes atractivos de Bilhó é precisamente o rio Cabril, com as suas límpidas águas.